Quero ter experiências mais elevadas na minha meditação

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Quando Swami Vivekananda era um jovem, ele costumava ir a vários Mestres espirituais e perguntar: “Diga-me sinceramente, você já viu Deus?” A resposta era normalmente: “Eu li os Vedas e os Upanishads. Lá Deus é mencionado, mas eu não tenho experiência em primeira mão com Deus”. Como não conseguia obter nenhuma resposta satisfatória, Naren [Swami Vivekananda] continuava a fazer a mesma pergunta. Tornou-se o seu mantra. Um dia, Naren foi ter com Sri Ramakrishna e fez-lhe a mesma pergunta: “Já viu Deus?” Sri Ramakrishna respondeu imediatamente: “Sim, vi Deus cara a cara. Vejo-O mais vividamente do que te vejo a ti e posso provar-te isso”.

Então Sri Ramakrishna aceitou o desafio e, dentro de alguns anos, mostrou a Naren o estado de Nirvana. De imediato, Naren gritou: “O que está a fazer? O que é que está a fazer? Tenho o meu pai, tenho a minha mãe, tenho o meu irmão e a minha irmã em casa!” Foi ele que desafiou Sri Ramakrishna, perguntando-lhe: “Viu Deus?” Depois, quando Sri Ramakrishna mostrou o seu poder, Naren disse: “O que está a fazer?”  Naturalmente, Sri Ramakrishna disse: “Seu tolo, perguntaste a toda a gente se tinham visto Deus e o que aconteceu? Quando eu quis mostrar-te Deus, tu estavas a pensar no teu pai e na tua mãe”.

Vivekananda tinha rezado e meditado durante seis ou sete anos. Mas quando chegou a altura e Sri Ramakrishna lhe quis dar uma experiência superior, ele ficou assustado porque sabia que, se permanecesse nesse estado, não seria capaz de pensar na sua família – e ele era-lhes tão querido. Foi por isso que ele gritou: “O que está a fazer? O que é que está a fazer? Eu não quero isto!” Ele estava literalmente a morrer por Deus, mas quando alguém aceitou o seu desafio, ele ficou assustado.

É muito fácil para nós, quando estamos sentados confortavelmente, dizer que queremos experiências mais elevadas, mas quando alguém realmente as quer dar-nos, é nessa altura que surge o medo. Vivekananda  era uma alma evoluída de encarnações anteriores, mas ainda assim, no momento exato ainda não estava preparado.

Alguns anos mais tarde,  passou no exame. O seu pai morreu e ele não tinha dinheiro para comer, nem para a sua família. Sri Ramakrishna estava a examinar Vivekananda. Ele disse-lhe: “Vai ao templo e pede à Mãe Kali por riqueza material”. Sri Ramakrishna poderia facilmente ter dado um pouco de dinheiro para sustentar a família de seu discípulo mais querido, mas em vez disso, ele disse: “Nesta noite em particular, a tua oração será definitivamente concedida.”

Durante três dias seguidos, a mãe de Vivekananda não tinha podido alimentá-lo e estava abaixo da sua dignidade pedir comida.  Assim, Vivekananda foi três vezes ao templo da Mãe Kali e, de cada vez, proferiu exatamente a mesma oração: “Mãe, dá-me a luz do conhecimento, a luz da discriminação e a luz da renúncia.” Quando ele saiu, Sri Ramakrishna estava à sua espera e disse: “O que estás a fazer? Aqui o teu irmão está a morrer de fome, a tua mãe está a morrer de fome. Só tens de pedir e a Mãe Kali dar-te-á riqueza material”. Mas Vivekananda não o podia pedir.

Desta forma,  Vivekananda teve duas experiências completamente opostas. Quando a sua divindade emergiu, ele não conseguiu pedir coisas terrenas. Mas antes, quando Deus lhe estava a dar a experiência da divindade, nessa altura ele disse: “Oh não, eu tenho o meu pai e a minha mãe”.

Esta lição aplica-se a muitos discípulos. Acham que se receberem uma experiência interior elevada, serão pessoas mais felizes. Mas quando chega a altura, o que realmente acontece é que ficam assustados. Não vêem nenhum elo de ligação entre a vossa própria consciência e a experiência interior. Há um fosso e sente-se totalmente perdidos, porque não há uma passagem, não há corda, para ultrapassar esse fosso. Se houvessem degraus, então saberiam que podem voltar a descer. Mas como não vêem nada no meio, enquanto estão a ser elevados, todos os apegos do mundo, todos os vossos queridos, aparecem de repente.

O Mestre espiritual tem que esperar que a recetividade se desenvolva. Caso contrário, se de repente ele tentar dar ao discípulo uma experiência superior, simplesmente quebrará o vaso.