O perdão é da maior importância.
O perdão é o prenúncio de uma nova vida, nova esperança e nova promessa.
A sua mensagem é sublime: “Em última análise, não há futuro sem perdão”.
Quando perdoamos o mundo, Deus cumprimenta-nos apertando orgulhosamente as nossas mãos. Quando nos perdoamos e quando estamos determinados a fazer a coisa certa, a tornarmo-nos a pessoa certa, Deus vem imediatamente e abraça-nos, e abençoa-nos para nos ajudar a ser aquilo que Ele quer que sejamos.
Perdoar o mundo é, de facto, uma tarefa difícil. Mas perdoar a si próprio é extremamente, extremamente difícil. Na vida espiritual, estamos a tentar tornar-nos conscientes. Quando nos tornamos conscientes, vemos como conscientemente e deliberadamente fizemos muitas, muitas coisas contra a nossa própria divindade, contra o nosso Senhor Amado Supremo. Por isso, torna-se muito difícil perdoarmo-nos a nós próprios. Mas, se não podemos perdoar-nos a nós próprios, se não podemos perdoar os erros que cometemos, então Deus sente que não importa o que nos der – paz, luz ou felicidade – tudo será ou rejeitado ou mal utilizado. Portanto, o perdão de si próprio é de importância primordial. É por aí que devemos começar. Temos de perdoar as trevas em nós, a fim de transformar essas trevas em paz, luz e bem-aventurança.
Quando fazemos algo de errado, o Perdão de Deus cumpre o seu dever. Ou seja, Deus perdoa-nos. Mas o nosso perdão não desempenha o seu papel. Atormentamos a nossa própria existência. Isto não significa que Deus queira fugir da realidade apenas perdoando-nos. E também não significa que nós estejamos a ser justos.
Deus sente que cada vez que nos perdoa, nos dá outra oportunidade de caminhar pelo caminho da Divindade e alcançar o nosso objetivo. Mas quando não nos perdoamos, a ignorância em nós que foi a causadora do erro, obtém outra chance de atrasar o nosso progresso. Impede-nos de começar a nossa viagem de novo.
Deus, com da Sua infinita Compaixão perdoa-nos imediatamente porque sente que desta forma, poderemos correr, poderemos voar e mergulhar dentro de nós.Ele sente que cada vez que cometemos algum erro gigantesco, se não nos perdoar, então o nosso progresso interior acaba.
Quando fazemos algo errado, imediatamente temos de nos perdoar a nós próprios como Deus nos perdoa. Temos de decidir não cometer o erro novamente, e ao mesmo tempo temos de abraçar a nova oportunidade de fazer absolutamente a coisa certa. Só porque entrei numa sala escura, se continuar a dizer e a pensar: “Eu estava numa sala escura! Eu estava num quarto escuro”, então não poderei sair da consciência desse quarto escuro e entrar no quarto que está iluminado. Uma vez que Deus nos dá a oportunidade de sair do quarto escuro e entrar no quarto iluminado, temos de aceitar essa oportunidade e aproveitá-la devidamente.
Pergunta: Como podemos lembrar-nos de perdoar o mundo pelos seus defeitos e de nos perdoarmos a nós próprios pelos nossos próprios defeitos?
Sri Chinmoy: Quando vemos imperfeições, seja em nós próprios ou nos outros, é sempre aconselhável perdoar. Se não perdoarmos, é como colocar uma carga pesada sobre os nossos ombros. Se fiz algo de errado e não tento perdoar ou iluminar-me, o meu erro só ganhará mais importância na minha vida. Cada vez que penso nisso, apenas aumentarei a minha pesada carga de culpa. Do mesmo modo, se outros me fizeram um ato de injustiça, quanto mais penso nisso, mais pesada se torna a minha carga de raiva e ressentimento. Se eu colocar algo pesado sobre os meus ombros, como vou correr em direção ao meu objetivo? Verei que os outros estão todos a correr muito depressa enquanto eu mal consigo andar!
Se não perdoarmos os outros quando fazem algo de errado, se abrigamos pensamentos não divinos contra eles ou os quisermos punir, nunca encontraremos satisfação. O perdão é a iluminação. Temos de sentir que, ao perdoarmos os outros, estamos a iluminar o nosso próprio ser mais desenvolvido e a satisfazer a nossa própria realidade mais elevada.
Um ato de perdão significa um movimento para uma realidade mais elevada. E quando alcançamos a Realidade mais elevada, tornamo-nos unos com a Realidade omnipresente.
Pergunta: Como se recebe o Perdão de Deus?
Sri Chinmoy: Só se recebe o Perdão de Deus lembrando-se – constantemente, conscientemente e incansavelmente – que Deus é o próprio Perdão. Tens de inundar a tua mente e o teu coração com um pensamento: perdão, perdão, perdão. Em vez de pensares na Justiça-Luz de Deus, deves apenas repetir: “O meu Senhor é todo Perdão, o meu Senhor é todo Perdão”. Enquanto repetes: “O meu Senhor é todo o Perdão”, não deve pensar em todas as incontáveis coisas não divinas que fizeste: “Oh, eu disse uma mentira, bati em alguém, fiz algo muito mau”. Não, só verás o lado positivo. Pensarás apenas no Perdão de Deus diante de ti, à tua volta, dentro de ti.
Pergunta: Porque é que temos de perdoar e esquecer. Será que o perdão por si só não é suficiente?
Sri Chinmoy: Se realmente perdoo alguém, porque tenho de permitir que o que ele fez regresse à minha mente e destrua a minha alegria interior? Se eu o permitir, isso significa que o meu perdão não foi um perdão duradouro; estava apenas à espera que o indivíduo cometesse novamente o mesmo erro. Assim, passados alguns dias, quando essa pessoa fizer a mesma coisa errada, estará à minha mercê. A nossa vida humana neste aspeto, é tão inteligente.
Sem esquecimento, o perdão não é perdão. Se perdoamos alguém, então temos de obliterar absolutamente o incidente da tábua do nosso coração, como se ele nunca tivesse existido.
“Perdoa,
Terás a felicidade.
Esquece,
Terás satisfação.
Perdoa e esquece,
Terás paz eterna
Dentro e fora de ti.”